O CURRÍCULO DE INGLÊS DAS ESCOLAS WALDORF:
UMA
SÍTESE DE INDICAÇÕES E SUGESTÕES
1.
INTRODUÇÃO
O
ensino de línguas estrangeiras é uma parte muito importante do currículo das
escolas Waldorf e tem como objetivo principal fazer com que o aluno através da
língua tome contato com outras formas de pensar e ver o mundo.
Amaral (2001) coloca
que com base no estudo do ser humano, percebeu-se
que é muito importante o aprendizado de outra língua para o desenvolvimento no
âmbito do sentir. Assim, o ensino das línguas estrangeiras não tem como
objetivo apenas a ampliação dos conhecimentos, mas sim a complementação e a
intensificação do campo do sentir em pleno desenvolvimento. O estudo do idioma auxilia
na ampliação do ponto de vista dando a conhecer através da língua o sentimento
e os pontos
de vista de outros povos o que
contribuirá para e extinção de tendências racistas e nacionalistas
preconceituosas. Para tanto é recomendado que se aprenda uma língua bem diversa
da materna.
Segundo Taylor (1986) apud Amaral (2001) o indivíduo que se comunica
em outro idioma adquire facilidade para o relacionamento
e compreensão do próximo. O
sentido da fala, da audição e do movimento também são trabalhados ampliando a
compreensão social e de outra cultura.
Para Tromer (1999) apud Amaral (1996) ensinar língua estrangeira é uma
importante tarefa: “Ao exercitar
a mobilidade e flexibilidade do órgão fonador nas aulas de línguas estrangeiras
a criança está adquirindo a flexibilidade anímica necessária aos relacionamentos
sociais futuros.” (Tromer
1999). Em nenhuma outra matéria ela terá tanta possibilidade de abertura,
interesse e compreensão pelo que é estrangeiro evitando o surgimento de ódios
raciais e discriminação.
Leisinger (1949) apud Amaral (200l) considera incrível a prontidão da
criança em fase escolar para a assimilação de novos conhecimentos. Nesta idade
o interesse é diversificado e voltado para o novo desde que este seja apresentado de forma
viva e evocando sentimentos já com o passar do tempo a ligação espontânea de
objetos e processos a sons e denominações passa a ser mais refletida e
intelectualizada.
Kiersh (1992) apud Amaral (2001) ressalta que é possível estimular por
meio das línguas estrangeira habilidades que facilitam a aprendizagem geral
como prontidão para avaliar dificuldades e problemas sem ansiedade, prontidão
para arriscar moderadamente, autoconfiança, assertividade e capacidade de
tolerar ambiguidade. O aprendiz bem sucedido sabe se comunicar sem inibição e
não teme ser considerado incapaz. Está disposto a cometer erros quando seu
objetivo é aprender e se comunicar e suporta um pouco de nebulosidade e falta
de clareza.
Vale
acrescentar que na pedagogia Waldof todos os conteúdos são planejados para
estarem harmonizados entre si e atenderem às necessidades cognitivas, afetivas
e espirituais das crianças em cada ano escolar. Assim é também muito importante
que o conteúdo de todas as matérias sejam integrados e para isso é necessário
que tanto os professores quanto os currículos estejam afinados de forma a
proporcionar aos alunos uma visão mais ampla dos temas que serão por eles
estudados.
Ainda
que seja muito importante o estudo da língua estrangeira nas escolas Waldorf e
embora haja um variado material sobre este tema ele se encontra fragmentado em
capítulos de diversos livros e em anotações feitas por professores. Devido a
este fato muitos professores de língua estrangeira que ingressam nas escolas
Waldorf ficam perdidos com relação ao conteúdo com o qual devem trabalhar
podendo até se afastar da proposta da pedagogia por desconhecimento.
Portanto,
o presente trabalho visa reunir as indicações de alguns livros de pedagogia
Waldorf quanto ao ensino de Inglês assim como recolher os relatos de
professores e suas experiências e ainda propor algumas opções de trabalho que
vão de encontro ao que está sendo ministrado pelo professor de classes.
Vale
ressaltar que esta não é uma proposta fechada e sim uma sugestão para auxiliar
aos professores de área a construírem sua própria maneira de ensinar adequada
às classes com as quais trabalham.
2.
METODOLOGIA
O
presente trabalho contou com uma revisão bibliográfica, entrevistas assim como
relato de experiência da própria autora como professora de Inglês de quinto ao
nono ano no Jardim escola paineira.
Foram estudados os
currículos propostos por Stockmeyer (1979) e Trommer (1999) (visto ambos são bastante
utilizados com bases curriculares nas escolas Waldorf) além de revisados materiais
específicos sobre o ensino da língua estrangeira nas escolas Waldorf.
Também
foi utilizado o material recolhido no primeiro e no segundo congresso de
professores de língua estrangeira da América latina realizado nos meses de outubro
de 2007 e outubro de 2009 na escola Rudolf Steiner e ministrado pelo professor
Crhistopher Jaffke autor de vários livros da área. Dentre este material está um
currículo sugerido pelo professor Jaffke e relatos de experiência de
professores.
Também
foi utilizado material recolhido na escola conviver e bibliografia da área da
biblioteca da escola pólen de Belo Horizonte.
As
propostas de ligação entre os conteúdos foram feitas com base no material
supracitado, na experiência da autora em correlação como as propostas dos
currículos de Stockmeyer (1979) e Trommer (1999)
3.
RESULTADOS
3.1
OS CONTEÚDOS GERAIS DE CADA ANO EM UMA
ESCOLA WALDORF
Visto
que o conteúdo estudado de inglês deve estar conectado a toda a matéria
estudada tornou-se necessário criar um panorama geral dos conteúdos ministrados
em cada ano em uma escola Waldorf. Para facilitar a observação da conexão do
conteúdo de Inglês de cada ano com a matéria dada pelo professor de classe a
tabela 1 apresenta resumidamente todos os conteúdos indicados no currículo de
Stockmeyer (1979). Nos conteúdos em que há um asterisco existe discordância
entre os professores de que ano dever ser dados.
Tabela 1: Currículo de Stockmeyer (1979) de forma
resumida
Quinto ano
|
Português
|
Diferença entre a forma verbal ativa e a passiva.
*
Mais que perfeito e futuro do pretérito
Aperfeiçoar o uso da pontuação.
Continuar a desenvolver a escrita de cartas e
composições descritivas
Estudar os vários elementos de uma frase * (sexto
ano?)
Sinônimos, antônimos, etc.
|
Geografia
|
Relações da terra com as plantas e animais
Paisagens
Polaridades: Fundo de mares X Alpes; Regiões
quentes e frias, etc
Como o homem habita estas diversas paisagens
A cidade e o estado dos alunos OU geografia do
Brasil (as indicações variam)
|
|
Matemática
|
Frações e decimais
|
|
História
|
Grécia e povos orientais
|
|
Ciências naturais
|
Zoologia e antropologia
Botânica
|
|
Sexto ano
|
Português
|
Orações conjuntivas
Redação de cartas deve passar para redações
comerciais simples e claras.
Morfologia
Imperativo
Subjuntivo* (sétimo ano?)
Condicionais
|
Geografia
|
Seu país
O globo terrestre, os continentes, meridianos
e paralelos
Climas e correntes marítimas e relevo.
América latina e do sul
|
|
Matemática
|
Passar para cálculos de juros, porcentagem,
desconto e cálculo de câmbio começando, com isto, a álgebra.
Provas de teoremas geométricos
Desenhos geométricos com esquadro e compasso
|
|
História
|
Roma e idade média
|
|
Ciências naturais
|
Mineralogia e astronomia
|
|
Sétimo ano
|
Português
|
Subjuntivo/ sintaxe
|
Geografia
|
Prosseguir com o tratamento das condições
astronômicas e começar com as condições culturais intelectuais dos habitantes
da Terra, sempre em relação com as condições materiais, particularmente as
econômicas, tratadas em geografia nos três primeiros anos do ensino de
geografia. Com os conceitos da física e química já adquiridos, suscitar uma
concepção resumida sobre condições de trabalho e de transporte, no decorrer
da história.
Geografia de um continente que não seja o do
aluno
|
|
Matemática
|
Introduzir potenciação e radiciação, bem como
cálculos com números positivos e negativos.
Introdução da álgebra
Levar a geometria adiante, buscar as leis
geométricas
|
|
História
|
Renascimento, Grandes navegações,
reforma
|
|
Ciências naturais
|
Retornar ao ser humano e ensinar o necessário
acerca de condições de nutrição e de saúde.
Suscitar uma concepção resumida sobre condições
de trabalho e de transporte.
|
|
Oitavo ano
|
Português
|
Compreensão das relações existentes em textos
mais extensos de prosa e poesia.
Ler algo dramático e algo épico.
Continuar o estudo dos tipos de orações
Não deixar de dar atenção, justamente no ensino
da língua, ao aspecto comercial-prático.
|
Geografia
|
Apresentação resumida das condições da indústria
e do transporte em relação com a física e química.
|
|
História
|
Revolução francesa, Napoleão revolução
industrial e iluminismo, capitalismo e lutas operárias
Em alguns currículos sugere-se que
chegue até a atualidade outros que os temas restantes sejam tratados no nono
ano.*
|
|
Matemática
|
Continuar a exercitar potenciação e radiciação.
Continuar o ensino de equações lineares também com várias incógnitas, e
introduzir cálculos de formas geométricas e superfícies. Empregar o ensino de
lugares geométricos sobre a secções cônicas e curvas semelhantes.
|
|
Ciências naturais
|
Abordar o ser humano de modo a apresentar aquilo
que pode ser encontrado no seu exterior estruturando o seu interior, como a
mecânica dos ossos, a mecânica dos músculos, a construção interior do olho
etc. Acrescentar a isso uma apresentação resumida das condições da indústria
e do transporte.
|
|
Nono ano
|
Português
|
Humor para revisar todos os conteúdos
estudados
|
Geografia
|
Observação da estrutura das montanhas da terra de
modo que possa surgir a representação de que a Terra é um corpo com
organização interior. A seguir, tratar da movimentação das estrelas na
direção da visada (o efeito Doppler).
Metrologia e mineralogia
|
|
História
|
A história dos séculos de XVI a XIX, para que os
alunos obtenham compreensão para o presente
|
|
Matemática
|
Álgebra
Arranjo e combinação
Equações
Medições
Conceito de conjunto
|
|
Ciências naturais
|
Química orgânica
Fisiologia: imunologia, homeostase
Física: Princípio das máquinas
elétricas
|
3.2
O ESTUDO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA DO QUINTO
AO NONO ANO
Segundo Jafkke (2006) não se deve enfocar no estudo da língua
estrangeira apenas seu aspecto formal ou comunicativo, mas também seu aspecto estético.
Stockmeyer (1979) acrescenta que no trabalho com o Inglês é importante traduzir
o mínimo possível e buscar tratar nas aulas da cultura, dos costumes, hábitos
de vida e disposição anímica do povo estrangeiro levando em consideração as
particularidades da maneira de se expressar deste povo. Para um contato mais
vivo com a língua podem ser tratados conjuntamente de provérbios ou do tesouro
de expressões idiomáticas da comparando com as correspondentes da língua
materna além de trabalhar canções, poemas, histórias e lendas específicas do
país, etc.
Deve-se
acrescentar que os conteúdos devem ser ministrados forma viva e para que isto
ocorra e a coleta de relatos de experiências que deram certo e a criatividade
do professor são essenciais.
Jaffke (1996 apud Amaral) coloca que crianças após o nono ano de vida
não contam mais com a sensibilidade que permite adquirir por meio da imitação
inconsciente uma pronúncia muito semelhante à de um “native speaker”.
Taylor apud Amaral (2001) observa
que
após esta idade as crianças
começam a dar entonação própria ao que dizem, como se o despertar da consciência modificasse
a língua
e por isso é necessário que o
professor proponha muitos exercícios para tornar os órgãos fonadores mais flexíveis.
Segundo Jaffke (1996) apud Amaral (2001) é a partir do
quarto ano que começa a
aprendizagem mais formal de outras línguas e esta deve ser
iniciada com a escrita. Inicialmente os alunos escreverão textos já conhecidos ou cartas
aos falantes da língua-alvo, e progressivamente vão ganhando progressivamente
maior habilidade, liberdade, fluência e independência na escrita. A escrita
é trabalhada em inúmeros momentos tanto no relato das aulas, quanto no resumo
de textos, na escrita de um diálogo ou de uma peça ou em aulas específicas para
redação.
O ensino da língua
estrangeira deve desenvolver as várias habilidades do aluno, ou seja, a
compreensão do que é falado (listening), a escrita (writing) a capacidade de
falar (speaking ou dialog), o aprendizado da gramática (grammar) e a aquisição
de vocabulário. Sugere-se assim que existam duas épocas em cada
semestre no Inglês uma época com ênfase na gramática e outra com ênfase em
leitura, listenig e writing e entre elas intercalado a construção de diálogos e
escrita de textos sobre situações quotidianas.
Quanto ao vocabulário Scott (1995) indica que sejam aprendidas uma média de 5
palavras por aula e para a introdução deste vocabulário pode-se utilizar
desenhos, gestos ou jogos de mímica. Podem também ser feitas atividades de colocar
a palavra junto ao objeto,
encontrar palavras relativas a um determinado contexto
ou fazer um “picture dication” ou bingo.
Vale lembrar que o
vocabulário deve estar associado ao tema mais amplo da aula (como o verso
recitado, a música, o livro que está sendo lido ou o tema do dialogo).
A leitura pode ser
realizada de várias formas de acordo com o grau de desenvolvimento e a
características dos alunos. Os
alunos
podem, por exemplo, preparar partes do texto para lerem na aula,
lerem em conjunto com o professor, cada um se preparar para ler como um personagem
da história ou
ainda o texto pode ser somente lido ou lido e dramatizado pelo professor. Os textos
também podem ser trabalhados de forma que, após lidos os alunos possam
teatralizá-los ou transmiti-los através de figuras para a classe. É
importante que o vocabulário
do texto tenha sido
introduzido previamente. Para a finalização desta atividade é
interessante que os alunos consigam recontar a história e responder perguntas sobre ela e que
escrevam um pequeno resumo ou
ilustrem a história no
caderno. Para melhorar ainda mais a introdução de um novo livro pode-se mostrar fotos, falar sobre o
autor, contar sobre o local em que a história ocorre, etc.
A leitura em voz alta pode ser
trabalhada de inúmeras formas: o aluno lê com o professor, os alunos lêm em
coro sem o professor, lêm sozinhos ou lêm de trás para a frente (neste caso a
ênfase está na pronúncia). Podem também haver jogos de leitura como “errou
parou” (quem erra para de ler e o outro começa) ou o professor pede para que
achem uma palavra no texto e leiam a frase na qual ela está contida.
A criação de diálogos pode ser
feita através da escrita ou da formulação de uma “peça” para a apresentação
para os colegas.
O listening pode ser trabalhado
através da compreensão de textos ou atividades de completar espaços com os
temas relacionados. Também é muito produtivo quando um ou mais alunos cantam
uma canção enquanto os outros tentam compreendê-la.
No oitavo e nono ano também é
muito interessante dar liberdade para os alunos para que estes apresentem
canções apropriadas. Há também a sugestão de se criar uma rádio novela com
algum dos textos trabalhados anteriormente.
É importante que além de se
voltar para a história o Inglês se ligue a temas práticos do dia a dia e para
tanto os alunos podem criar diálogos ou escrever sobre estes temas.
Vale ressaltar que existe a
indicação para a criação de um caderno de gramática e outro sobre a Inglaterra.
Neste caderno constarão dados sobre a geografia e principalmente sobre a
história da Inglaterra/ Estados Unidos (no caso do nono ano).
Eu particularmente utilizo um caderno para gramática, vocabulário e
diálogos e outro para história, poemas, músicas peças e composições (pois estes
seguem o mesmo fio condutor que é a história).
Stott (1995) coloca que o
professor de línguas deve exercer uma “sanguindade planejada”. Toda a aula deve
ser composta de “coisas antigas vestidas como coisas novas”. Aponta que uma
aula deve incluir alguns dos itens a seguir: canções, poemas, diálogos,
aritmética mental, momentos de fala, provérbios, histórias, leitura, escrita, ditado,
compreensão oral, peças teatrais e gramática. As especificidades destes
conteúdos (como o que será lido, escrito, o tipo de música, etc) podem estar em
correlação direta com os conteúdos dados pelo professor de classe naquele ano.
A composição destes conteúdos deve levar em
conta o pensar o sentir e o querer e ser refeita a cada semestre, deve-se
deixar alguns itens adormecidos para que possam ser trabalhados em outro ano.
Quanto à organização da aula esta
segue o mesmo ritmo da aula principal respeitando a seguinte ordem: Cumprimento; ritmo; verso; fase do sentir (poemas, textos dramatizados, canções ou músicas);
retrospectiva/ dever de casa;
fase do pensar (treino de
novo vocabulário ou gramática, leitura, produção de textos, diálogos); fase do querer e encerramento.
No primeiro momento o professor atua junto com os alunos, no segundo o
professor pode ser um pouco mais atuante e no terceiro a criança será mais
atuante.
O ritmo do quinto ao nono ano
pode ser feito através de trava línguas, versos acompanhados de gestos ou
comandos como “put your left hand in the air” ou “wal, run, etc”, “count from
one to tem and clap your hands”, etc, canções ou poemas.
A apresentação do conteúdo novo
varia de acordo com o objetivo da aula. Neste momento pode ocorrer o
aprendizado da gramática, a leitura de textos, a escrita de um texto ou a
criação de um diálogo ou o aprendizado de uma nova canção ou poema.
A parte do “fazer” está
intimamente relacionada ao conteúdo anterior. O aprendizado da gramática pode
ser procedido pela anotação deste conteúdo ou pela realização de exercício. Em
classes maiores pode até se pedir pra que os alunos “ensinem” aos outros que
estão com dificuldades.
3.3
CONTEÚDOS ESPECÍFICOS DE CADA ANO
ESCOLAR
As
indicações mais específicas para o ensino de gramática foram encontradas principalmente
no currículo de inglês proposto por Jaffke (2006) foram enumeradas a seguir
sendo complementadas por alguma correlação com o material estudado na língua
materna. Observa-se que todos os conteúdos de inglês propostos no currículo já
forma trabalhados ou estão sendo trabalhados no mesmo ano pelo professor de
classe
3.3.1
O quinto ano
Stockmeyer (1979) coloca que no quinto passamos ocorre o
estudo da sintaxe que será complicado no sexto ano. Em paralelo, deve ser
sempre cultivada a leitura e a escrita de redações curtas.
Jaffke (2006) coloca
que com 11 anos as crianças geralmente têm uma boa
memória rítmica e podem aprender muito. É também idade que a beleza da língua deve
ser cultivada pela entonação e pela melodia visto que neste ano predomina ainda
a língua falada. Tromer (1999) acrescenta que os alunos desta idade gostam de
pequenas competições e têm prazer em apresentar o resultado do esforço pessoal
e que é importante observar as emoções que acompanham as aulas. É nesta idade
também que se manifestam mais claramente as diferenças entre os alunos quanto
ao dom e à disposição para o trabalho.
As lições devem ser vivas e cheias de variedade sendo que o professor
pode encorajar as crianças a serem criativas e desafiá-las com poemas longo e canções difíceis. As crianças
podem testar sua criatividade escrevendo pequenos textos ou poemas.
Jaffke (2006) coloca que o conhecimento de gramática dos alunos também
aumenta na medida em que o professor expande os conteúdos estudados nos anos
anteriores e que as palavras de vocabulário devem ser aprendidas e praticadas
mais conscientemente. Trommer (1999) complementa que os elementos da gramática
fortificam o eu e devem ser assimilados gradativamente até o oitavo ano e, mas
lembra que dominar as regras da gramática e da ortografia não podem ser a única
meta do ensino de línguas visto que as línguas atingem camadas mais profundas e
contribuem para formar o aluno com ser humano.
As estruturas gramaticais novas são introduzidas na língua nativa.
Somente depois que a gramática foi entendida é que as regras devem ser escritas
em um livro simples de gramática na língua nativa e nas próprias palavras do
aluno. Deve haver um caderno separado para gramática e um para o restante
(Jafkke 2006).
O trabalho oral é continuado com perguntas e respostas e diálogos,
exercícios de discurso e vários tipos de poemas. Recitar é um excelente mio de
melhorar a pronúncia e a entonação e ajuda a melhorar o domínio do vocabulário.
Textos compostos pelo professor permitem recapitular e ampliar o
vocabulário. É importante a compreensão do conteúdo, mas não a tradução
literal. Quando um texto é lido pela primeira vez os alunos devem escutar
primeiro e não acompanhar a leitura. O processo termina pela leitura com a
pronúncia correta. Na leitura o aluno precisa entender o sentido essencial do
texto e pronunciar bem.
Com os livros é importante introduzir as palavras novas antes que os
alunos comecem a ler o texto. Tópicos relativos aos textos como mapas,
contexto, etc podem ser trabalhados. Perguntas sobre o entendimento oral dos
textos devem ser feitas durante as aulas e somente depois disso eles podem
tentar responder às questões sozinhos.
É importante em todos os anos estar atento ao capricho do caderno,
pois este é o “livro de inglês” de cada aluno e a escrita ou ilustração neste é
a culminância de todo um processo de aprendizagem.
3.3.1.1 Formas de trabalho
-
Recitações,
canções, poemas, histórias e peças
-
Leitura com
livros de histórias
3.3.1.2 Gramática
-
Verbos
irregulares em grupos sonoros
-
Formas
dos verbos to be, go, have e do no presente e no passado
-
Presente
simples e continuo/ passado simples e contínuo e futuro nas formas afirmativa,
negativa e interrogativa.
-
Plural
de substantivos e quantitativos (much, many, etc)
-
Question words: What, where, when, who, etc
-
Preposições
3.3.1.3 Objetivos na leitura e vocabulário
-
responder
a questões simples sobre textos
-
Recontar
as histórias com as suas próprias palavras
-
Reconhecer
a diferenças de estrutura entre o inglês e o português
-
reconhecer
os tempos verbais
-
Aumento
do vocabulário
3.3.1.4 Diálogos
Como os alunos do quinto ano
estão começando uma nova etapa no Inglês é interessante que os diálogos girem
em torno das primeiras situações com as quais eles devem se defrontar como se
apresentarem, chegarem a um país diferente, pedirem um taxi, chegarem a um
hotel, etc.
3.3.1.5 Conteúdos para leituras e estudos culturais
Na época de matemática pode
retornar o estudo das horas e de cálculos mentais simples em inglês para que os
números não fiquem esquecidos. Podem também ser trabalhados os ordinais e os
cardinais.
Com relação às ciências naturais
é interessante retomar o vocabulário sobre animais e acrescentar alguns animais
diferentes mais peculiares da região dos Estados Unidos e Inglaterra assim como
pode ser contada uma história interessante sobre este tema.
Também podemos falar de como são
especiais as plantas dos países frios como a Inglaterra e trazer músicas sobre
isto como “Now the Green blade rise” e “english country garden”.
Com relação à história são
estudados os povos orientais e a Grécia. Como a introdução à história da
Inglaterra começa este ano é possível falar dos celtas e de suas lendas visto
que este foi o primeiro povo que viveu na Inglaterra.
É importante ressaltar que a fala
sobre os celtas pode se encaixar muito bem também no quarto anos, mas como a
leitura e a escrita só começam no quito ano este tema acaba ficando melhor
abrigado neste ano para que depois se possa dar a ele a devida continuidade.
3.3.2
Sexto ano:
No sexto ano ordem, estrutura e clareza são muito importantes. As
crianças devem
ser incentivadas a aplicar suas habilidades de pensar na linguagem. Nesta idade
também pode ser mostrado para as crianças o quanto elas já aprenderam e o
quanto ainda têm a aprender e é também interessante proporcionar atividades nas
quais as crianças percebam seu progresso. Poesia ou peças dramáticas, heróicas ou humorísticas também têm um importante
papel.
No sexto ano as diferenças individuais ficam mais marcadas e convém
tratar as características dos vários povos como forma de mostrar as diferenças.
O professor deve estar preparado para a ampliação das habilidades dos alunos
assim como para proporcionar atividades para os vários níveis de habilidade o
que não significa que as classes devem ser divididas em grupos visto que nesta
idade a divisão não é benéfica.
As crianças precisam enfrentar a exigência da leitura de um texto
desconhecido e serem capazes de responder a perguntas e repetirem o texto com
suas próprias palavras. Também é interessante treinar o s prático da língua.
(Tromer 1999)
3.3.2.1 Formas de
trabalho
-
Recitações
-
Canções
dramáticas
-
pequenos
diálogos do dia a dia e diálogos dramáticos e humorísticos
-
Estudo
da cultura
3.3.2.2 Gramática
-
Passiva
no presente e no passado
-
O
adjetivo e suas comparações
-
Condicionais
-
Present
e past perfect
-
Advérbios
e frases adverbiais
3.3.2.3 Objetivos:
-
Falar sobre
eles mesmos e sobre o que foi falado em classe de forma mais fluente e livre
-
Reconhecer
os tempos verbais estudados em textos e criar exemplos próprios
-
Compreender
os termos gramaticais usados
3.3.2.4 Diálogos
Como os alunos do sexto ano estão
começando a trabalhar transações comercias, câmbio, etc. Podem ser criados
diálogos em estabelecimentos comerciais e de câmbio como o aeroporto, o hotel,
uma loja, um supermercado, etc. Visto que os alunos estão estudando também a
geografia de sua cidade, seu país, etc pode-se escrever sobre estes tópicos.
3.3.2.5 Conteúdos para leituras e
estudos culturais
No sexto ano os alunos estão estudando astronomia, o planeta com seus
continentes, meridianos e paralelos, mineralogia, Roma e Idade média.
Com o estudo de Roma e da Europa
antiga pode ser introduzido um mapa da Inglaterra antiga com alguns pontos
aonde se localizam as principais lendas como Camelot e Nottingham.
Posteriormente pode-se lembrar
dos celtas que foram o primeiro povo que viveu na Inglaterra dando continuidade
através da invasão romana à Brittania.
Quando se estuda a queda do
império romano e as invasões bárbaras pode-se falar destas invasões que também ocorreram
na Inglaterra pelos saxões, Vikings e normandos.
A imagem dos castelos e dos
cavaleiros da idade média é muito forte na Ingleterra e este tema pode ser
trabalhado numa ampla gama de formas desde canções até histórias. Duas figuras
muito importantes neste período são a do Rei Arthur e a de Robin Hood.
Como sugestão os alunos podem
fazer uma peça sobre o Rei Arthur que consta no livro “plays for waldorf
school” e lerem o livro Robin Hood da editora Waldorf.
Quanto à astronomia e o
conhecimento do planeta pode-se falar do céu no hemisfério norte e contar
alguma história sobre Greenwish.
3.3.3 Sétimo ano
No sétimo e no oitavo anos deve-se dar a maior importância à
leitura e à abordagem do caráter da língua em frases dos tipos que se
apresentam no trabalho e na vida das pessoas que falam a língua em questão.
Deve-se exercitar isso empregando textos e cuidar para que, por meio do
recontar, a capacidade de expressão na língua estrangeira seja exercitada. Tromer
(1999) acrescenta que no sétimo
ano precisa ser
treinada a fala individual e a pronúncia deve ser bem cuidada. Só
esporadicamente devem ser feitas traduções. Em contraposição, deveríamos fazer
recontar o que é lido, mesmo textos dramáticos (Stockmeyer 1979).
Deve se dado para a criança muita variedade de coisas para aprender
assim como dar oportunidades delas mostrarem o que sabem fazer em testes e
exercícios e ditados e o trabalho em grupo pode se utilizado. O caderno deve ser muito bem cuidado.
(Jaffke 2006)
3.3.3.1 Formas de trabalho
-
Continuar
o estudo da cultura
-
Pequenas
cenas dramáticas dos livros
-
Linguagem
diária, coloquialismos
3.3.3.2 Gramática
-
Modais e
auxiliares
-
Pronomes
-
Organização
da frase em sujeito, objeto e predicado
3.3.3.3 Objetivos:
-
Reconhecer
as formas verbais (incluindo perfect)
-
Responder
questões sobre os textos sem ajuda
-
Saber a
ordem das sentenças
3.3.3.4 Diálogo
No sétimo
ano os alunos começam a ver as condições diferentes de vida dos habitantes da
terra. Também é falado da nutrição humana e saúde e isto é também válido para a
Inglaterra. Pode-se falar de hábitos muitos diferentes dos nossos, das
adaptações às diferentes temperaturas, assim como comidas típicas. Este tema de
nutrição é interessante para a criação de diálogos em ambientes com
restaurante, supermercado, feira ou até mesmo no médico.
Também no sétimo ano que o homem
começa a se reconhecer como indiíduo e os alunos podem tratar em pequenas
redações temas como ele mesmo, seu dia a dia, seus sonhos e até seus medos.
3.3.3.5 Conteúdos para leituras e
estudos culturais
Quanto à história os alunos estão
estudando o Renascimento, as grandes navegações e a reforma, absolutismo. Assim
podem ser contadas algumas histórias de reis e rainhas utilizando, por exemplo
o poema “kings and queens”. É interessante dar mais ênfase a Elizabeth que impulsionou
as navegações e patrocinou Shakespeare.
O professor de Inglês pode também
tratar nas jornadas aos Estados Unidos (como o Mayflawer, Francis Drake a
Capitain John Smith) do dia de ação de graças, da marcha para o oeste, da igreja anglicana e dos
puritanos.
Shakespeare também é um famoso
renascentista cujos textos são valorosos no trabalho com o inglês.
3.3.4 Oitavo ano
Durante o ano escolar o professor deve preparar os alunos para um
trabalho mais independente. Cada estudante deve conseguir falar oralmente de um
tema de seu interesse e o professor deve ajudar somente quando for
absolutamente necessário para a construção das frases e o uso do dicionário
deve ser praticado.
No oitavo ano podem ser tratados os rudimentos da poesia e da
métrica da língua estrangeira e ser dado um esboço muito breve da história da
literatura da língua correspondente. (Stockmeyer 1979).
Visto que no oitavo ano os jovens e tornam mais conscientes de sua
biografia, das suas fraquezas e capacidades. O professor escolherá textos
relacionados com o destino, ideais de dignidade humana. Também podem ser
tratados temas da atualidade.
3.3.4.1 Formas de trabalho
-
estudo
da cultura
-
pen pal
-
Continuar
o estudo da cultura
-
Pequenas
cenas dramáticas dos livros
-
Linguagem
diária, coloquialismos
-
Praticar
conversação em classe
3.3.4.2 Gramática
-
discurso
indireto e direto
-
passiva
-
Condicionais
-
Preposições
e linking words
3.3.4.3 Objetivos:
-
reconhecer
todas as formas verbais
-
ordenar
frases corretamente
-
escrever
textos pequenos com poucos erros
-
Conseguir
se expressar no dia a dia
-
Recomendação
do Christmas Carol
3.3.4.4 Diálogos
No oitavo
e nono anos os alunos já estão no foco da individualidade e é interessante
promover debates. Temas como as guerras podem sucitar debates sobre como
resolver conflitos e temas como o Apartheid pode levar ao diálogo sobre o
preconceito.
3.3.4.5 Conteúdos para leituras e
estudos culturais
Neste ano será estudada a
história passando pela revolução Industrial. Na geografia também é tratado das
condições da indústria e do transporte.
Alguns professores chegam ao tema
das duas grandes guerras.
Neste ano recomenda-se tratar da
industrialização que ocorreu na Inglaterra, do crescimento econômico e das
dificuldades vividas pela população.
Foi indicada a leitura o livro
Oliver Twist.
Pode-se falar também do
neocolonialiasmo inglês.
3.3.5 Nono ano :
No nono ano é feita uma
recapitulação da gramática tratada com humor, oferecendo continuamente exemplos
plenos de humor. O trabalho também deve focalizar o recitar com textos, por exemplo, de Shakespeare (Stockmeyer 1979).
No nono ano é trabalhada na
matemática a conversão para moedas estrangeiras e o Inglês não pode deixar
passar esta oportunidade. Pode ser estudada de forma divertida a conversão para
várias moedas de países de língua inglesa.
Neste ano muda-se o foco da
Inglaterra e passa-se o foco para os estados Unidos. Como neste ano estão sendo
estudadas as biografias é muito interessante estudar a história dos EUA através
de cartas.
Visto que os alunos já viram
sobre o descobrimento dos EUA no sétimo ano agora pode-se falar sobre: as 13
colônias, a independência e a guerra civil e a questão racial do apartheid, “the
underground railroad” entre outros.
Neste ano podem ser trabalhadas
biografias como a de Martin Luther King ou o Livro Amstad.
Caso não tenha sido trabalhado no
ano anterior pode ser tratado o tema das duas grandes Guerras, da Crise de 29 e
da Guerra Fria envolvendo tanto Inglaterra como Estados Unidos.
Há recomendações de que se fale dos EUA no sexto sétimo e nono ano. No
entanto pelo currículo de história achei adequado trabalhá-lo somente no sétimo
e nono anos.
4
CONCLUSÃO
Buscou-se com este trabalho reunir um pouco de material do ensino da
língua inglesa que se harmonize com o currículo Waldorf. No entanto, esta é
apenas uma proposta em construção que pode e deve ser complementado com
criatividade e conhecimento da antroposofia e do currículo por parte dos
professores de línguas.
Bibliografia:
Amaral, N. F.
2001. O ensino de línguas estrangeiras na formação integral das crianças:
Abordagem Antroposófica. In: V. J. Leffa (org). O Professor de Línguas: Construindo a Profissão. Pelotas: Educat.
Jaffke, C. (2006) Curriculum for Elglish as a foreign
language in Steiner Waldorf Schools baseado em Pädagogischer Auftrag und
Unterrichtsziele von Lehrplan der
Waldorfschulen. 2ed. Tobias Richted press, Stuttgart, 2006.
Stockmeyer Rudolf Steiners Lehrplan für die Waldorfschule (O currículo de
Rudolf Steiner para as escolas Waldorf), 3ª edição apostilada de 1976
Stott, M. Foreign language teaching in Rudolf Steiner
Schols Hawthorn press, Glouchestershire 1995.
Trommer Para a estruturação do ensino do
primeiro ao oitavo anos nas escolas Waldorf/ Rudolf Seteiner
Um comentário:
Cara Marina, adorei esta monografia, estou estudando Letras e gostaria muito de envolver as minhas aulas de inglês com elementos da Pedagogia Waldorf. Esta bibliografia é de fácil acesso? Você participa de algum tipo de estudo da língua na pedagogia onde eu pudesse assistir alguma prática?
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